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Channel: prata – life in slow motion
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cama e comida 3

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erramos o caminho que nos levou da Áustria até Verona, o que nos consumiu umas duas horas a mais na estrada, mas chegamos. depois de pequenos estresses, os três famintos procuramos um lugar para comer e, com as panças forradas, as tensões logo se dissiparam. discutir de cabeça cheia é ruim, mas discutir de barriga vazia é ainda pior.

era feriado e Verona tinha lá uma pequena horda de turistas, mas nada que a inviabilizasse, como acontece em Roma, por exemplo. a cidade tem um coliseu mais antigo que o romano (embora bem menor), ruínas de aquedutos, um castelo no centro e aquelas ruelas medievais, inclusive a que abriga a antiga residência dos Capuleto, ou seja, a casa da Julieta.

consta que a prefeitura de Verona, desde a década de 1980, banca um grupo para responder a cartas de amor endereçadas à Julieta, e que por volta de cinco mil delas chegam por ano à cidade. o costume de enviar essas cartas é mais antigo, e há quem as pendure, pessoalmente, nos muros do pátio da casa da Julieta. não cheguei a entrar na casa, por conta do horário, então não pude ver isso; me contento, por ora, em resgatar o The Juliet Letters, disco do Elvis Costello inspirado nesse costume – pelo qual meu lado romântico tem bastante simpatia, assim como tem pela red thread dos chineses (que inspirou outro bom disco, do Arab Strap). mas a música que me marcou, passando pela casa da Julieta, foi “Take me with you”, do Morphine.

um dia, quem sabe, eu escreva de próprio punho uma carta para a Julieta. de verdade, não me parece má ideia. ao preço de um selo de postagem internacional, é mais barata que qualquer cartomante ou que uma garrafa de vinho ou uísque, para afogar as mágoas dos relacionamentos.

no dia seguinte, me despedi de Carol e Paulo e peguei o trem em Verona, com destino ao litoral da Ligúria; no meio, uma baldeação em Milão.


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